Projecto: |
Os estuários e
ecossistemas costeiros são caracterizados por elevados níveis de
produtividade biológica, há muito reconhecidos como dos maiores na
biosfera, que justificam a importância ecológica que lhes é atribuída. Nos
estuários sujeitos à acção das marés, uma parte substancial da
produtividade primária é devida à actividade fotossintética das
comunidades de microalgas bênticas que habitam os sedimentos intertidais,
ou microfitobentos. Devido à elevada fracção da superfície total ocupada
por zonas de entre-marés, a produtividade primária do microfitobentos
representa uma contribuição importante para a elevada produtividade global
do ecossistema. A obtenção de estimativas precisas da contribuição do
microfitobentos para a produtividade ao nível do ecossistema são um
factor-chave para a adequada gestão das zonas estuarinas. No entanto, a
precisão dessas estimativas tem sido dificultada por limitações
metodológicas que têm impedido a apropriada correspondência entre as
escalas de observação (amostragem) e as escalas de ocorrência dos
processos ecológicos relevantes. Esta dificuldade é particularmente
patente no que se refere à variabilidade temporal, causada, para além da
variabilidade de natureza fisiológica, pela ocorrência de movimentos
migratórios verticais por parte das microalgas bênticas junto à superfície
do sedimento. Estes movimentos rítmicos dão-se em sincronia com os ciclos
dia/noite e preia/baixa-mar, sendo controlados por um relógio biológico
interno. O trabalho proposto relaciona-se com a aplicação de novas
metodologias de estudo da variabilidade fotofisiológica e migratória, com
o objectivo genérico de melhorar a precisão das estimativas da taxa de
produtividade primária do microfitobentos intertidal estuarino. A
metodologia em causa é baseada na aplicação de análise da emissão de
fluorescência da clorofila in vivo (fluorometria do tipo PAM - "pulse
amplitude modulated"), com o objectivo de caracterizar o comportamento
migratório de microalgas bênticas em condições naturais e de avaliar o seu
efeito na variabilidade taxas de fotossíntese ao nível da comunidade. Este
tema involve trabalho de laboratório e de campo, na Ria de Aveiro, e é
inserido em trabalho de equipa que decorre no âmbito de um projecto de
investigação em execução no Departamento de Biologia (Projecto
PDCTM/15318/1999 "Uma nova meteodologia para a quantificação da
produtividade primária do microfitobentos estuarino", financiado pela
FCT). |