Depois de, em 2001, graças ao apoio do ex-Comissariado para a Transição em Timor-Leste (CATTL), dirigido pelo Pe. Vitor Melícias, terem sido iniciados contactos com as autoridades de transição em Timor-Leste através de uma missão exploratória, Luís Souto, do Departamento de Biologia da UA, esteve novamente em Timor-Leste, agora com apoio da Fundação Oriente.

Esta segunda missão a Timor-Leste, inserida no projecto POP-Gene Timor,  consistiu na recolha de amostras sanguíneas em Dìli, Atauro, Liquiçá, Baucau, Los Palos, e outros locais, envolvendo a cooperação do Ministério da Saúde da República Democrática de Timor-Leste, ministro Dr. Rui Araújo e da Universidade Nacional de Timor-Leste.

A visita envolveu ainda contactos com autoridades portuguesas (embaixador Rui Quartin Santos) e timorenses (o Director Geral de Saúde da RDTL, Sr. Feliciano Pinto, o Reitor da Universidade Nacional de Timor-Leste, Prof. Doutor Benjamim Corte-Real) e ainda os responsáveis pela Divisão de Sangue e Laboratórios, o Director do Hospital Central de Díli e dos demais centros de Saúde e hospitais e professores decanos das faculdades de Ciências da Educação, Engenharia e Economia, que colaboraram no processo de recolha de amostras.

As amostras estão já a ser analizadas  quanto a polimorfismos de ADN designadamente ADN mitocondrial e haplótipos do cromossoma Y e microssatélites autossómicos.

Os primeiros resultados deste trabalho, envolvendo a análise de marcadores (microssatélites) de interesse forense foram já apresentados na reunião da Sociedade Internacional de genética Forense que ocorreu em Arcachon, França, em Setembro.

Na UA, os trabalhos são executados pelo mestre Luís Souto e pelo licenciado Eduardo Ferreira, recém-biólogo pela Universidade de Aveiro.

Em Timor-Leste prolifera a malária e a tuberculose e falta quase tudo.

Na sequência desta visita a Timor-Leste, o Departamento de Biologia desencadeou uma campanha, apenas no meio universitário, destinada a satisfazer  pedidos concretos de timorenses, nomeadamente: livros de saúde pública, livros de actividades práticas como costura, publicações de formação religiosa católica para adolescentes.

Esta campanha teve uma imediata resposta da comunidade universitária e são já muitos os volumes e publicações entregues, continuando em falta publicações sobre saúde pública e microbiologia médica e anatomia patológica, por exemplo.

O material recolhido será enviado tanto para a comunidade das irmãs Canossianas de Los-Palos, como para a Associação Centro Cultural Fraternal Timor Lorosa'e, dirigida pelo dinâmico Filipe Arranhado.

Filipe Arranhado é um inconformista: esteve refugiado nas montanhas porque ele foi a cara da notícia (era ele que fazia em teatro apelos à votação pela independência na campanha do referendo) e hoje, além de técnico de laboratório, dinamiza teatro para educação para a saúde e zela pela cultura timorense (ele coordenou parte das acções no espectáculo de comemoração da independência de Timor-Leste em Taci-Tolo, 19-20 de Maio de 2002), sem nunca esquecer o especial carinho por Portugal. Além de tudo isto, e apesar de já não ser um jovem, o sr. Filipe  frequenta a Universidade em Díli.

Ao fazer esta especial referência ao Sr Filipe Arranhado simbolizamos o nosso agradecimento aos muitos timorenses que não só colaboraram como entenderam o alcance deste projecto.

A Associação Centro Cultural Fraternal Timor Lorosa'e deverá tornar-se um parceiro, em Timor-Leste, do projecto POP-Gene Timor.

O Departamento está também empenhado em conseguir 1 ou 2 estágios de formação técnica de laboratório para pessoal do Laboratório Nacional de Timor-Leste.